Nunca estamos prontos para dizer adeus a quem amamos. A morte, uma das poucas certezas da vida, ainda é um tabu, um assunto que evitamos, como se falar da morte fosse de alguma forma antecipar sua chegada. Raramente falamos sobre e consequentemente ninguém está preparado para o dia em que ela, sem aviso nenhum, bate à porta. E quando chega o dia fica um enorme vazio, a saudade, a vontade de ter dito tanta coisa que não deu tempo, a dor da perda. Como viver agora nesse mundo tão cinzento, sem graça, sem sentido?
Infelizmente não existem fórmulas mágicas. Segundo Kübler-Ross (1998) o luto se divide em 5 fases:
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Negação: O enlutado se recusa a aceitar a partida daquela pessoa tão querida. É uma forma de se defender, negando a perda e não fazendo contato com ela.
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Raiva: A pessoa em luto sente frustração e raiva por estar em sofrimento. É comum que descontem tudo em familiares, amigos e pessoas próximas.
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Barganha: A pessoa imagina que é possível reverter a morte caso mudanças em alguns eventos ocorressem, então ela tenta negociar essas mudanças.
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Depressão: Nessa fase a pessoa fica melancólica e costuma se recolher no seu mundo interior, se sentindo impotente diante da morte.
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Aceitação: Por fim, a pessoa aceita a morte como algo inevitável e está pronta para enfrentar a perda, pois já consegue ver a realidade como ela é e aceita a morte com paz e serenidade.
Não é possível afirmar quanto tempo vai durar cada uma das fases, nem se você passará por todas elas, pois cada ser humano é único. Há casos de pessoas que vivenciaram menos fases em tempos variados. O importante é compreender que o processo se encerra em algum momento, não vai doer para sempre. E quando chegar na fase da aceitação, não significa esquecer quem partiu, mas sim ser capaz de relembrar os momentos vividos sem sofrimento, mas feliz por ter tido a oportunidade de conhecer aquele ser humano tão único, maravilhoso e ter boas histórias para recordar e contar. Ser capaz disso é elaborar o luto de forma saudável, finalizar ciclo do luto e tocar em frente.
Por hora, experimente viver o luto. Se despeça a sua maneira. Se fizer sentido, escreva cartas e diga aquilo que não deu tempo. Chore se tiver vontade, grite se tiver vontade. Esse momento é seu, viva-o no seu tempo e da sua forma. Amigos e familiares dirão que a vida segue e chorar por isso não resolve o problema. De fato, não resolve. Mas se o choro te traz algum alívio isso basta, não importa a opinião dos outros. A vida continua e deve seguir, quando você se sentir forte o suficiente siga feliz. Não adianta apressar as coisas.
Contudo, é necessário ter cuidado. Apressar o luto de alguém não é a resposta para nada e chega até a ser desumano. Mas é a melhor opção deixar o enlutado continuar em luto por muito tempo? Existe afinal um tempo limite? Essa é uma questão delicada, como foi dito antes, cada pessoa é única e tem uma vivência própria e esse processo pode se prolongar por meses e até anos. Porém, ainda estamos falando de um luto saudável, que não afeta a saúde física e mental das pessoas? Aqui entra o chamado luto patológico ou complicado.
Segundo Oliveira (2012) luto patológico é aquele em que os problemas emocionais, cognitivos e psíquicos relacionados a perda de alguém se mantém mesmo depois de um período de seis meses a dois anos, o tempo considerado razoável para resolução do luto. Embora o tempo tenha passado, algumas pessoas não conseguem elaborar bem a perda e permanecem em grande sofrimento, sem se adaptar à nova realidade. Acabam por se isolar dos meios sociais, principalmente aqueles frequentados também pelo ente falecido. Muitas vezes não são capazes de falar sobre a morte, algo já esperado com passar dos meses e anos.
Não é motivo nenhum para se envergonhar, a morte de quem se ama é uma dor enorme e ninguém pode medir e julgar por quanto tempo deve durar. Entretanto, quando a dor impede de viver, paralisa a pessoa, tem algo errado. Infelizmente, nada trará essa pessoa de volta. Aceitar e compreender é um passo importante para cura. Quem fica permanece vivo e tem a chance de ser feliz. É compreensível que a vida perca o sentido quando se está em luto mas é preciso uma escolha: morrer aos poucos, paralisado na dor, na tristeza e sem perspectiva ou escolher viver, permitindo-se novas experiências e sonhos. Os limites e disponibilidades sempre devem ser respeitados. Todavia, é importante estar consciente da possibilidade de viver uma vida plena, percebendo que só há um jeito de descobrir: saindo do esconderijo e reencontrando a luz. Paciência e perseverança são essenciais nesta longa caminhada. Buscar apoio psicológico nesse momento é fundamental. A psicoterapia não vai tirar imediatamente a dor, mas dará recursos para aprender a lidar com ela, tornar mais suave essa trajetória de redescobertas e ajudar no aumento do repertório comportamental de ações a realizar em prol da saúde mental.
Esteja você vivendo um luto normal ou luto complicado, conte conosco. Com empatia, calma, respeito, dedicação, aqui você encontra um ambiente acolhedor onde você pode ser ouvido(a) . Aqui no setting terapêutico iniciaremos uma viagem para dentro de você, descobriremos juntos um novo caminho para reconstruir sua história com amor e felicidade.
Referência
Oliveira, R., X.(2012) O luto patológico: a terapia cognitiva e o tratamento do luto patológico. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais.
Kübler-Ross,E.(1998). Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes.